Section 4 Espaços Vetoriais
O conceito de Espaço Vetorial trata de espaços que têm uma operação de multiplicação por escalar e uma operação de adição de vetores, assim como \(\mathbb{R}^3\) com as operações usuais, e identifica as principais propriedades operacionais esperadas para seu uso, permitindo a aplicação em espaços muito diferentes de \(\mathbb{R}^n\) e nos mais diversos contextos. Essa seção inicia relembrando o que são vetores em \(\mathbb{R}^n\) e segue apresentando o conceito de espaço vetorial e alguns dos exemplos não triviais importantes. Em seguida introduz-se o conceito de subespaço vetorial e como aplicá-lo, junto com uma aplicação para a ilustração de subespaços de dimensão 1 ou 2 em \(\mathbb{R}^3\text{.}\)
Subsection 4.1 Vetores em \(\mathbb{R}^n\)
Um vetor \(\vec{x}\) representa o conjunto de todos os segmentos orientados em \(\mathbb{R}^3\) com o mesmo comprimento, direção e sentido.
Usualmente representamos um vetor pelas coordenadas do ponto final do segmento orientado que inicia na origem. Assim, no plot, temos o vetor \(\vec{x} = \left(\begin{array}{c} 2 \\ 1 \end{array}\right)\) e outros segmentos orientados gerados aleatoriamente, todos pertencentes ao mesmo vetor.
O comprimento ou a norma de um vetor \(\vec{x} = \left(x_1, \ldots, x_n\right)^T\) em \(\mathbb{R}^n\) pode ser calculado por
No exemplo acima
Qualquer segmento orientado em \(\vec{x}\) poderia ter sido utilizado para calcular o comprimento.
Checkpoint 4.1.
Para vetores \(\vec{x}, \vec{y} \in \mathbb{R}^n\text{,}\) \(\vec{x} = (x_1, \ldots, x_n)^T\) e \(\vec{y} = (y_1, \ldots, y_n)^T\text{,}\)e um escalar \(\alpha \in \mathbb{R}\text{,}\) definimos as operações fundamentais de multiplicação por escalar e adição de vetores por:
A subtração de vetores é definida a partir da multiplicação por escalar e da adição como \(\vec{x} - \vec{y} := \vec{x} +(-1) \vec{y}\text{.}\)
Checkpoint 4.2.
Escolha dois vetores \(\vec{u}, \vec{v}\text{,}\) diferentes de \((1,2)^T\) e \((-2,1)^T\text{,}\) e um escalar \(\alpha \neq 2\text{.}\) Utilize o código acima para plotar \(-\vec{v}\text{,}\) \(\vec{u} + \vec{v}\text{,}\) \(\vec{u} - \vec{v}\) e \(\alpha \vec{u}\text{.}\) Escreva as coordenadas dos representantes com início na origem e as coordenadas dos pontos iniciais e finais de cada vetor no plot.
Subsection 4.2 Espaços Vetoriais
Definimos agora um espaço vetorial, construindo conjuntos de "vetores" para os quais existem operações de "adição" e "multiplicação" por "escalar" com as mesmas propriedades das operações em vetores do \(\mathbb{R}^n\text{,}\) de modo operarmos com eles de modo semelhante ao \(\mathbb{R}^n\text{,}\) todavia podemos ter objetos muito distintos dos usuais para cada um dos termos entre parênteses.
Definition 4.3.
Seja \(E\) um conjunto de escalares (usualmente \(\mathbb{C}\) ou \(\mathbb{C}\text{,}\) mas qualquer corpo serviria). Um espaço vetorial \((V,E,\oplus,\odot)\) é formado por um conjunto de vetores, \(V\text{,}\) um corpo de escalares, \(E\text{,}\) e duas operações:
e as operações satisfazem as seguintes propriedades para quaisquer \(\vec{u}, \vec{v}, \vec{w} \in V\) e \(\alpha, \beta \in E\text{:}\)
- (A1) \(\hspace{5mm} \vec{u} \oplus \vec{v} = \vec{v} \oplus \vec{u},\)
- (A2) \(\hspace{5mm} (\vec{u} \oplus \vec{v}) \oplus\vec{w} = \vec{u} \oplus (\vec{v} \oplus \vec{w}),\)
- (A3) \(\hspace{5mm} \exists \,\,\, \vec{0} \in V; \vec{u} \oplus \vec{0} = \vec{u}, \,\, \forall \,\, \vec{u} \in V,\)
- (A4) \(\hspace{5mm} \forall \,\, \vec{u} \in V, \exists ! \,\,\, -\vec{u} \in V; \vec{u} \oplus (-\vec{u}) = \vec{0}\text{,}\)
- (A5) \(\hspace{5mm} \alpha\odot(\vec{u} \oplus \vec{v}) = \alpha\odot\vec{u} \oplus \alpha\odot\vec{v},\)
- (A6) \(\hspace{5mm} (\alpha + \beta) \vec{u} = \alpha\odot\vec{u} \oplus \beta\odot\vec{u},\)
- (A7) \(\hspace{5mm} (\alpha\beta)\odot\vec{u} = \alpha\odot(\beta\odot\vec{u}),\)
- (A8) \(\hspace{5mm} 1 \odot \vec{u} = \vec{u}.\)
V é dito o conjunto universal, os elementos de V são ditos vetores e os elementos de E são ditos escalares. Muitas vezes, quando está claro quais as operações de adição e multiplicação por escalar e qual o conjunto E de escalares, Chamamos \(V\) de um espaço vetorial omitindo menção explicita ao corpo de escalares e às operações de adição e multiplicação por escalar.
Example 4.4.
Checkpoint 4.5.
Example 4.6.
Example 4.7.
de modo que a soma de dois elementos de V é um elemento de \(V\)
.de modo que a multiplicação de um elemento de V por um escalar é um elemento de \(V\text{.}\)
Portanto \(V\) é um espaço vetorial.
O código abaixo plota o plano gerado pelos vetores do exemplo anterior.
Theorem 4.8.
Se \(V\) é um espaço vetorial e \(\vec{x} \in V\text{,}\) então:
\(\displaystyle 0 \odot\vec{x} = \vec{0}, \)
\(\displaystyle \vec{x} \oplus \vec{y} = \vec{0} \,\, \Longrightarrow \,\, \vec{y} = - \vec{x}, \)
\(\displaystyle (-1) \odot \vec{x} = -\vec{x}, \)
Proof.
\(\displaystyle \vec{x} = 1\vec{x} = (1+ 0 )\vec{x} = \vec{x} + 0\vec{x} \Longrightarrow -\vec{x} + \vec{x} = -\vec{x} + \vec{x} + 0\vec{x} \Longrightarrow \vec{0} = 0\vec{x}, \)
\(\displaystyle \vec{0} = \vec{x} + \vec{y} \Longrightarrow -\vec{x} + \vec{0} = -\vec{x} + \vec{x} + \vec{y} \Longrightarrow -\vec{x} = \vec{y}, \)
\(\displaystyle \vec{0} = (1-1) \vec{x} = \vec{x}+(-1)\vec{x} \Longrightarrow - \vec{x} + \vec{0} = - \vec{x} + \vec{x} +(-1) \vec{x} \Longrightarrow - \vec{x} = (-1) \vec{x} \)
Checkpoint 4.9.
Utilize o código acima para plotar os conjuntos \(V = \{ \vec{u} \in \mathbb{R}^3 | \vec{u} = \alpha_1(1,0,2)^T + \alpha_2 (1, -1, 0)^T, \, \alpha_1, \alpha_2 \in \mathbb{R}\}\) e \(W = \{ \vec{u} \in \mathbb{R}^3 | \vec{u} = \alpha_1(1,0,2)^T + \alpha_2 (1, -1, 0)^T + (-1, -1, 0)^T, \, \alpha_1, \alpha_2 \in \mathbb{R}\}\text{.}\) Eles são espaços vetoriais (com escalares reais e as operações usuais?)